O que é ABA?
O termo ABA (Applied Behavior Analysis) - Análise do Comportamento Aplicada - consiste na aplicação de métodos de análise comportamental e de dados científicos com o objetivo de modificar comportamentos, sendo o autismo uma das várias áreas nas quais a análise comportamental tem sido aplicada com sucesso.
As teorias subjacentes a este campo são da autoria de B. F. Skinner, tendo os primeiros estudos no autismo surgido no início da década de 60 com vários investigadores, entre os quais se destaca também Ivar Lovaas.
Desde então, centenas de investigadores têm documentado a eficácia dos princípios da ABA na construção/desenvolvimento de um grande leque de competências importantes e na redução de problemas comportamentais em indivíduos com autismo e outras doenças, em todas as idades.
Não é uma cura, mas segundo a evidência científica atual, é a terapia com melhores resultados. A evolução de cada pessoa através de um programa ABA depende de vários fatores, entre eles:
a) das capacidades e competências do sujeito;
b) de suas necessidades;
c) da forma como o modelo de intervenção é implementado.
Os autênticos programas ABA para crianças com autismo combinam vários métodos cientificamente validados que são adaptados individualmente.
Recorre-se à observação e à avaliação (em termos de frequência, intensidade e duração) do comportamento do indivíduo, no sentido de potencializar a sua aprendizagem e promover o seu desenvolvimento e autonomia. Envolve, ainda, o ensino da linguagem, o desenvolvimento cognitivo e social e competências de autoajuda em vários contextos, dividindo estas competências em pequenas partes/tarefas que são ensinadas de forma estruturada e hierarquizada. É dada muita importância ao reforço de comportamentos desejados/adequados, ignorando e redirecionando comportamentos inadequados (estereotipados e repetitivos).
Quando se deve implementar um programa ABA?
Este tipo de intervenção deve iniciar-se o mais precocemente possível, o que permitirá que as crianças adquiram competências básicas, ao nível social e cognitivo e reduzam os seus comportamentos estereotipados e outros que possam ser barreiras para o seu desenvolvimento adequado.
Esta intervenção intensiva permite que uma percentagem significativa dos autistas possa acompanhar os seus pares (crianças da mesma faixa etária), com mais ou menos apoio, nas escolas regulares.
Em que consiste um programa ABA?
Um programa ABA consiste numa terapia intensiva que pode ir até 40 horas semanais, de acordo com a necessidade de cada caso, em uma variedade de conrextos.
Inicialmente, é realizada uma avaliação cuidadosa e aprofundada para determinar as competências que a criança possui e as que estão ausentes.
A definição dos objetivos da terapia ABA é feita com base nos dados da avaliação inicial, de um currículo base e da sequência de aquisição de competências em todos os domínios (aprendizagem da comunicação, sociabilidade, habilidades acadêmicas, autocuidado, habilidades motoras, habilidades lúdicas, entre outras), os quais são decompostos em pequenos passos, sendo estes desenvolvidos sequencialmente, dos mais simples para os mais complexos.
O objetivo final é ajudar cada criança a desenvolver competências que lhe permitam ser o mais independente possível.
São utilizados vários procedimentos analítico-comportamentais para reforçar competências existentes e construir as que ainda não estão desenvolvidas. Isto envolve a explícita e cuidadosa planificação das atividades para que a criança tenha múltiplas e repetidas oportunidades de aprendizagem e de treino de competências ao longo do dia. São utilizados abundantemente reforços positivos que são identificados individualmente durante a avaliação inicial e são permanentemente atualizados.
É dada muita ênfase em tornar o ensino agradável e envolver a criança numa interação social positiva, para que os avanços da ABA passem da terapia para a vida em sociedade.
Existe um programa escrito para ensinar cada comportamento; o analista comportamental responsável pelo programa treina todas as pessoas que trabalham com a criança para implementar estes programas consistentemente. A família tem um papel fundamental na medida em que deve promover a generalização das competências adquiridas, nas sessões de ensino, a todas as situações do dia-a-dia, incentivando a criança a adaptar-se a novos contextos.