Transtorno de Somatização

30/10/2011 13:58

SOMATIZAÇÃO: QUANDO A MENTE ADOECE

 

O que é somatização?

Doenças psicossomáticas são manifestações orgânicas que podem ser provocadas ou cujos sintomas podem ser agravados por problemas mentais ou emocionais. É um processo pelo qual a pessoa “transfere” para o organismo a carga emocional decorrente de algum problema que está vivendo e o sofrimento emocional ou as situações de vida difíceis são experimentados como sintomas físicos. A conseqüência, muitas vezes, é o surgimento de uma doença ou o agravamento de uma já existente. Isso desencadeia processos no organismo, gerando o estresse que, em longo prazo, provoca o aparecimento de doenças.

O transtorno de somatização é caracterizado essencialmente pela presença de sintomas físicos, múltiplos, recorrentes e variáveis no tempo, persistindo ao menos por dois anos. A maioria dos pacientes diagnosticados teve uma longa e complicada história de contato tanto com a assistência médica primária quanto especializada, durante as quais muitas investigações negativas ou cirurgias exploratórias sem resultado podem ter sido realizadas. Os sintomas podem estar referidos a qualquer parte ou sistema do corpo.

 

Principais sintomas

Uma pessoa com somatização apresenta muitas queixas difusas de caráter físico. Embora possa afetar qualquer parte do corpo, os sintomas manifestam-se mais freqüentemente como dores de cabeça, náuseas e vômitos, dor abdominal, menstruações dolorosas, cansaço, perdas de consciência, relações sexuais dolorosas e perda do desejo sexual. Embora os sintomas costumem ser primariamente físicos, também podem referir ansiedade e depressão. As pessoas com somatização descrevem os seus sintomas de um modo dramático e emotivo, referindo freqüentemente como “insuportáveis”, “indescritíveis” ou “o pior imaginável”.

Para critérios de diagnóstico, as queixas somáticas devem se iniciar antes dos 30 anos e ocorrer por um período de vários anos. Deve haver uma história de dor relacionada à pelo menos quatro sintomas.

 

 

Sintomas e Síndromes comumente relatados por pacientes com somatização:

 

 

- Sintomas gastrointestinais:

Vômitos

Dor abdominal

Náuseas

Distensão abdominal e excesso de gases

Diarréia

Intolerância alimentar

- Sintomas dolorosos:

Dor difusa (“sou inteiramente dolorido”)

Dor nas extremidades

Dor nas costas

Dor nas articulações

Dor durante a micção

Cefaléia

 

 

- Síndromes:

“Alergias alimentares” vagas

Precordialgia atípica

Síndrome da articulação temporomandibular (ATM)

Hipoglicemia

Síndrome da fadiga crônica

Fibromialgia

Deficiência vitamínica vaga

Síndrome pré-menstrual

Múltipla hipersensibilidade química

 

 

- Sintomas pseudoneurológicos:

Amnésia

Dificuldade para deglutir

Perda de voz

Surdez

Visão dupla ou borrada

Cegueira

Desmaios

Dificuldade para caminhar

Pseudo-crises epilépticas

Fraqueza muscular

Dificuldade para urinar

 

 

 

- Sintomas dos órgãos reprodutivos:

Sensações de queimação nos órgãos sexuais

Dispareunia

Menstruação dolorosa

Ciclos menstruais irregulares

Sangramento vaginal excessivo

Vômitos durante toda a gravidez

 

- Sintomas cardiorespiratórios:

Falta de ar em repouso

Palpitações

Dor no peito

Tonturas

 

 

Causas

Certas condições orgânicas estão ligadas a determinados estados emocionais, de modo que se algo não vai bem com o indivíduo, o organismo “sente”.

Ainda não há consenso sobre a causa dos Transtornos de Somatização, mas os sintomas costumam surgir em momentos definidos como, por exemplo, no começo da idade escolar, durante a crise da adolescência ou no início da vida adulta, em função de responsabilidades profissionais e sociais. São, ainda, resultado de perdas significativas, tais como a morte de um parente ou a perda do emprego. Também podem surgir com a crise da meia-idade.

  

Diagnóstico e tratamento

As pessoas com somatização não estão conscientes de que o seu problema é basicamente psicológico e por isso constantemente pressionam os seus médicos para que lhes façam estudos diagnósticos e tratamentos.

Para descobrir se a doença é mesmo psicossomática, deve-se primeiramente excluir a possibilidade de existirem causas físicas para os sintomas, que comumente são vagos e indefinidos. Para tanto, é importante a realização de exames detalhados. Vale ressaltar que existe a possibilidade de que uma doença real possa passar despercebida pelo médico em pessoas com um distúrbio de somatização, devido à história pregressa de queixas infundadas. Por isso, a atenção durante o diagnóstico deve ser redobrada.

Uma vez que o médico determina que a alteração é psicológica, a somatização pode ser distinguida de outras perturbações psiquiátricas semelhantes pela sua grande quantidade de sintomas e pela sua tendência a persistir durante muitos anos.

Nos casos de somatização, o objetivo do tratamento será auxiliar o indivíduo a aprender a lidar com os sintomas físicos e entender que eles têm uma origem psíquica. Nesse contexto, mostra-se importante recorrer ao auxilio psicológico a fim de poder trabalhar as suas causas e agravantes.

            As pessoas com esse distúrbio costumam se relacionar com outras pessoas através dos seus sintomas. Doentes psicossomáticos têm muita dificuldade em admitir que têm um problema de fundo emocional, justamente por conta dos sintomas físicos que o acompanham. Seu raciocínio os faz pensar que, se têm sintomas físicos, certamente é uma doença e não um problema de fundo emocional. Isso os leva a ter uma resistência muito grande para procurar tratamento psicológico, mesmo com a insistência dos médicos que os acompanham.

O apoio de familiares e amigos é muito importante para um doente psicossomático. Em primeiro lugar, é preciso entender que a pessoa sofre muito com os sintomas físicos. A família jamais deve questionar ou dizer que seus sintomas são frutos da imaginação, pois isso pode gerar ainda mais sofrimento. Acompanhá-la nas consultas médicas, sempre que possível, é uma maneira de transmitir ao doente subsídios para convencê-lo a buscar tratamento psicológico.

 

Referências

APA, DSM-IV-TR – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

LAZARRO C. & ÁVILA L. Somatização na prática médica. Arquivos Ciências da Saúde, 11(2): pág. 2-5, 2004.

            MSD. Manual Merck de Informação Médica - Saúde para a Família.  2009. <Disponível :https://www.manualmerck.net/?id=108&cn=952&ss=somatoformes>  Acesso em: 25 de agosto de 2010.

 

Atenção: As informações contidas neste site têm caráter informativo e não devem ser utilizadas para realizar auto-diagnóstico, auto-tratamento ou auto-medicação. Em caso de dúvidas, consulte um profissional.

 

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