O que você precisa saber sobre Dislexia

29/02/2012 23:10

 

Dislexia - Definição, Sinais e Avaliação

 

 
 

Definição
Definida como um distúrbio de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica.

Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.

Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar.

 

Sinais de Alerta

Como a dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, a escola e a própria criança. A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada (vide adiante), mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco".

Haverá sempre:

- dificuldades com a linguagem e escrita;
- dificuldades em escrever;
- dificuldades com a ortografia;
- lentidão na aprendizagem da leitura;

Haverá muitas vezes:
- disgrafia (letra feia);
- discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada;
- dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização;
- dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar seqüências de tarefas complexas;
- dificuldades para compreender textos escritos;
- dificuldades em aprender uma segunda língua.

 

 

Haverá às vezes:

- dificuldades com a linguagem falada;
- dificuldade com a percepção espacial;
- confusão entre direita e esquerda.

Pré -Escola
Fique alerta se a criança apresentar alguns desses sintomas:

- Dispersão;
- Fraco desenvolvimento da atenção;
- Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
- Dificuldade em aprender rimas e canções;
- Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
- Dificuldade com quebra cabeça;
- Falta de interesse por livros impressos;

O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente que ela seja disléxica; há outros fatores a serem observados. Porém, com certeza, estaremos diante de um quadro que pede uma maior atenção e/ou estimulação.

Idade Escolar


Nesta fase, se a criança continua apresentando alguns ou vários dos sintomas a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para que possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e tenha menos prejuízo emocional:

  • Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita;
    Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
    Desatenção e dispersão;
    Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
    Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa (ginástica, dança,etc.);
    Desorganização geral, podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares;
    Confusão entre esquerda e direita;
    Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc.
    Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas;
    Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados, etc.
    Dificuldades em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, tabuada, etc.
    Dificuldade na matemática e desenho geométrico;
    Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomias)
    Troca de letras na escrita;
    Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
    Problemas de conduta como: depressão, timidez excessiva ou o ‘’palhaço’’ da turma;
    Bom desempenho em provas orais.

    Se nessa fase a criança não for acompanhada adequadamente, os sintomas persistirão e irão permear a fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais e conseqüentemente sociais e profissionais.

    Adultos
    Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar ou pré-escolar, o adulto disléxico ainda apresentará dificuldades.
    Continuada dificuldade na leitura e escrita;
    Memória imediata prejudicada;
    Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
    Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);
    Dificuldade com direita e esquerda;
    Dificuldade em organização;
    Aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como conseqüência: depressão, ansiedade, baixa auto estima e algumas vezes o ingresso para as drogas e o álcool.
 

 

DIAGNÓSTICO

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não pára por aí, os mesmos sintomas podem indicar outras situações, como lesões, síndromes e etc.


Então, como diagnosticar a dislexia?

Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada.

Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicólogos, Fonoaudiólogos e Psicopedagogos deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso.

A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR e de EXCLUSÃO.

Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são conseqüências, não causa da dislexia).

Neste processo ainda é muito importante: tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente.

Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de um relatório por escrito.

Sendo diagnosticada a dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento consoante às particularidades de cada caso, o que permite que este seja mais eficaz e proveitoso, pois o profissional que assumir o caso não precisará de um tempo para identificação do problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.

Conhecendo as causas das dificuldades, o potencial e as individualidades do indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente.

Os resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva. Ao contrário do que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente.
Outro passo importante a ser dado é definir um programa em etapas e somente passar para a seguinte após confirmar que a anterior foi devidamente absorvida, sempre retomando as etapas anteriores. Ë o que chamamos de sistema MULTISSENSORIAL e CUMULATIVO.

Também é de extrema importância haver uma boa troca de informações, experiências e até sintonia dos procedimentos executados, entre profissional, escola e família.

 

 

Este teste informal para diagnosticar dislexia é um auxílio para pais e educadores, no sentido que permite uma primeira abordagem à problemática de aprendizagem.

Se respondeu sim à maioria destas questões, deverá realizar uma bateria de testes, junto de profissionais especializados, para diagnosticar especificamente as características do seu filho e intervir de forma adequada.

 

SINTOMATOLOGIA ESSENCIAL:

  • Tem oito anos ou mais.
  • Tem atraso na leitura de dois ou mais anos com relação às crianças da mesma idade.
  • A sua velocidade na leitura é inferior a 50/60 palavras por minuto.
  • Comete erros frequentes na leitura (omissões, substituições, inversões de fonemas – vogais e consoantes sonoras)
  • A sua compreensão de texto é muito pobre.
  • O seu quociente de inteligência (Q.I) é normal ou superior.
  • Não apresenta perturbação sensorial.

SINTOMATOLOGIA ASSOCIADA:

  • Apresenta um baixo rendimento na área da ortografia.
  • Tem um rendimento baixo no cálculo matemático, especialmente na multiplicação.
  • Apresenta movimentos involuntários associados, especialmente quando lê e escreve.
  • Não gosta de ir à escola (fracassa nas avaliações parciais, não gosta do meio escolar, falta de motivação para a aprendizagem)
  • Apresenta ansiedade e medo na hora de ler em voz alta.
  • Apresenta erros frequentes na escrita (omissões, substituições, adições e inversões de letras)

 

FATORES DE PREDISPOSIÇÃO PARA A DISLEXIA:

  • Apresenta problemas de lateralidade: esquerda – direita, acima – abaixo
  • Os professores têm detectado mais ou menos rápidos as dificuldades de leitura do (a) aluno(a)
  • Não há uma orientação pedagógica ou Psicopedagógico adequada, na escola, para a reeducação linguística do aluno.
  • A sua aprendizagem de leitura e escrita foi precoce, isto é, verificou-se no período da educação infantil.
  • O aluno tem apresentado alterações na fala (articulação de fonemas e palavras), baixo nível de vocabulário, pobreza de expressão oral e se comunica mais com gestos.
  • O meio familiar é desfavorável à aprendizagem da leitura.
  • Verificam-se dificuldades semelhantes em familiares.
  • O seu esquema corporal não é adequado à sua idade.
  • Apresenta dificuldades de concentração ou atenção durante as atividades escolares, na escola e em casa.
  • Apresenta problemas de conduta escolar (indisciplinado, troca de escolas, escolaridade insuficiente)

 

DIFERENCIAIS IMPORTANTES:

  • Não existe diagnóstico nem evidência médica de atraso mental.
  • Não existe diagnóstico nem evidência médica de transtorno neurológico.
  • Não existe diagnóstico nem evidência fonológica de problemas de audição.
  • Não existe diagnóstico nem evidência médica de defeitos de visão.

 

CRITÉRIOS PARA UM DIAGNÓSTICO INFORMAL – Psicopedagógico

  • Apresenta dificuldades em captar o sentido a partir da leitura de textos escolares.
  • O rendimento na leitura é surpreendentemente menor do que o esperado, dada sua escolarização e o rendimento geral em outras áreas linguísticas e escolares.

 

Elaborado por Priscila Didone – Psicóloga CRP 06/103620 com base em leituras e na prática clínica.

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Contato

Priscila Didone - Psicóloga e Analista do Comportamento
Clínica Renova
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