Experiência do Cliente
20/11/2011 21:41
Por Tereza Cristina Erthal
A decisão de começar o tratamento já é um primeiro projeto a ser realizado. Pode escolher aumentar ou não o autoconhecimento, opção essa esclarecida quando percebe o preço a pagar em ambos os lados da questão. Com isso descobre as formas pelas quais não tem aceitado plenamente sua liberdade, evitando os riscos do seu uso. Frustrado por estar paralizado em seus próprios costumes, precisam criar vários valores que fundamentam sua busca de sentido.
Com a terapia torna-se consciente de que na procura incessante e desesperada de ser amado perdeu a experiência de se sentir realmente amado; conscientiza-se de que prefere a segurança pela dependência do que arriscar-se à ansiedade de decidir; reconhece que despreza em si mesmo o que não considera aceitável, que sua identidade depende mais do outro do que de si mesmo; que está preso ao passado.
Aos poucos vai aprendendo a suportar mais os riscos do experienciar decorrentes da confiança que adquire em si mesmo. Vai desenvolvendo uma compreensão do que tem sido e de suas potencialidades e limitações, podendo assim decidir mais quanto ao seu futuro. Aceita mais a responsabilidade sobre si mesmo e aprende a verificar que pode atuar sobre seu destino. Não precisa ser o que é forçado a ser, mas o que escolhe ser, dentro de suas possibilidades. É através de realizações concretas que efetivamente haverá uma transformação. É sobre isso que versa o experienciar terapêutico. A pessoa vai, gradativamente, se experienciando, no aqui-e-agora, expandindo sua consciência ao que está fazendo e ao como está fazendo. Em longo prazo, desenvolve modelos de conduta efetivos de ser-no-mundo.
Em suma, o cliente vive e passa a viver mais intensamente seus sentimentos ao mesmo tempo em que os exprime; vive suas experiências e confia nelas como ponto de referência básico para suas decisões; adquire novas concepções pessoais sobre o mundo, podendo mudá-las à medida que se torna necessário; passa a ser mais flexível; o eu passa a ser visto como um processo e não como um objeto; perde a consciência do eu para estar mais consciente de si próprio.
A chamada “cura” é, então, a própria autenticidade: é a aceitação plena da condição humana; é a expansão própria da existência autêntica. Cabe ao cliente encontrá-la e determinar o momento em que interromperá a terapia.