Dúvidas sobre a terapia? Tire-as agora!

01/02/2014 16:14

Quer parar a terapia? Tire oito dúvidas frequentes antes de decidir 

São vários os motivos que levam uma pessoa a iniciar uma psicoterapia, afinal, é uma ferramente que ajudar a enfrentar fases difíceis na vida, é recomendada para tratar problemas de saúde (como depressão, pânico e ansiedade) ou usada para o autoconhecimento. Mas uma das principais dúvidas diz respeito à alta. Só o terapeuta pode concedê-la? Mas e se o paciente não estiver com vontade de continuar, como agir? Para elucidar essas e outras perguntas, veja respostas para questões comuns sobre o tema:   

1. Existe um período pré-determinado para o paciente receber a alta?

Não. Isso varia de pessoa para pessoa. "Existem mais de 500 tipos de terapias diferentes, entre clássicas, alternativas e modernas. Cada paciente é único e, por isso, é praticamente impossível determinar quanto tempo o tratamento vai demorar", explica Carla Luciano Codani Hisatugo, coordenadora do curso de Psicologia da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo).
As terapias breves, indicadas para questões pontuais, como luto ou divórcio, costumam envolver um período que vai de três meses a um ano, mas o processo pode demorar mais do que o previsto e ter continuidade (às vezes, com outro profissional).

 

2. Somente o psicoterapeuta pode dar alta ao paciente?

"Em tese, sim. Mas todo paciente tem autonomia para interromper a terapia quando não estiver se sentindo confortável com as sessões, seja qual for o motivo", afirma Luiz Eduardo Berni, conselheiro do CRP-SP (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo). 
 

3. A alta pode ser dada de uma hora para outra?

Segundo a psicóloga Maria Lúcia de Souza Campos Paiva, do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), o desligamento costuma ser gradual. "Afinal, é formado um vínculo entre paciente e terapeuta que não deve ser cortado abruptamente. Tudo depende da linha de trabalho seguida, mas o recomendável é que o profissional sinalize que vai dar alta em dois ou três meses e que, depois desse período, ambos combinem pelo menos uma sessão de retorno, para acompanhamento", declara Maria Lúcia.
 

4. Qual é o principal motivo que leva alguém a querer desistir da terapia?

Segundo Carla Hisatugo, da Umesp, a falta de empatia com o profissional costuma ser a razão número um. "As pessoas procuram a terapia ou são encaminhadas para fazer esse tipo de tratamento quando estão atravessando um sofrimento muito grande. Se não se sentem compreendidas, é comum desejarem abandonar o processo", comenta a docente.

O problema é que, apesar do livre-arbítrio, a desistência não é aconselhada para portadores de transtornos de comportamento como depressão, ansiedade, esquizofrenia e problemas de humor, por questões que envolvem a saúde e a própria vida dos pacientes.
 

5. A falta de empatia com o terapeuta não seria uma espécie de "desculpa" para não entrar em contato com determinados problemas?

Em alguns casos, sim, por isso o terapeuta precisa ter a sensibilidade de não forçar o paciente a nada. Indicar outro profissional pode ser uma boa ideia. É preciso levar em conta, ainda, que muita gente tem uma visão fantasiosa das sessões e acha que o profissional é um ser capaz de resolver todas as suas dores e preocupações.

"O especialista deve deixar claro desde o início que quem vai descobrir as respostas é o próprio paciente e que ele apenas apresentará as técnicas e ferramentas para isso", afirma Carla. Toda e qualquer impressão, negativa ou positiva, deve ser sempre levada ao terapeuta, sem medo de julgamentos –o paciente deve saber que julgar não é o papel do especialista.
 

6. O incômodo provocado pela abordagem de determinadas questões durante as sessões também pode causar a vontade de parar?

Sim. Para muitos indivíduos, o desejo de interrupção aparece justamente quando ela se torna mais necessária e esclarecedora –quando a pessoa começa a entrar em contato com suas emoções mais profundas e fica perto de descobrir coisas importantes sobre si mesma.

"Algumas pessoas também pensam em desistir quando percebem que vêm falando sempre sobre o mesmo assunto durante as sessões. Essa repetição é uma parte fundamental da terapia e deve ser discutida com o terapeuta", diz Maria Lúcia, da USP. "Existem, ainda, aqueles que são imediatistas e mostram descontentamento com a demora do processo. Por isso, o profissional, logo na entrevista que antecede o início das sessões, deve explicar muito bem o modo como trabalha e como os objetivos serão alcançados", explica Luiz Eduardo Berni.

7. O terapeuta deve convencer o paciente a manter o tratamento?

Não se trata de convencer, mas de os dois, juntos, avaliarem quais são os prós e os contras de encerrá-lo. Algumas pessoas, mesmo depois de alcançarem seus objetivos com a terapia, optam por dar continuidade às sessões para controlar o estresse, para ter um cotidiano mais leve e equilibrado.
 

8. É possível "dar um tempo" na terapia?

Sim. Segundo Luiz Eduardo Berni, do CRP SP, não é raro que alguns pacientes precisem de um certo distanciamento do processo psicoterápico e do próprio terapeuta para elaborar e organizar algumas questões internas que vêm lhe incomodando. "Pedir um tempo não uma ruptura. O paciente se sente acolhido e tranquilo porque sabe que pode voltar ao consultório assim que se sentir pronto", conta o especialista.

 

FONTE: https://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2014/01/30/quer-parar-a-terapia-tire-oito-duvidas-frequentes-antes-de-decidir.htm

 

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Priscila Didone - Psicóloga e Analista do Comportamento
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