Análise do filme "Garota Interrompida" (1999)

19/08/2013 13:22

ANÁLISE FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL DO FILME “GAROTA INTERROMPIDA”

 

FILME

Garota Interrompida (Ano: 1999)

ATORES PRINCIPAIS

Angelina Jolie; Wynona Ryder; Elisabeth Moss; Clea Duvall; Whoopi Goldberg.

 

O longa metragem relata a história de uma jovem com Transtorno de Personalidade Borderline, que na década de 60 havia tentado suicídio por estar deprimida. Por este motivo, sua família procura a ajuda de um psicanalista amigo da família e ambos decidem pela sua internação em hospital psiquiátrico. Interessante é notar que o terapeuta usou uma frase para justificar a internação no mínimo curiosa, de que ela estaria fazendo todos ao seu redor sofrerem muito. Isso denota a falta de cuidado com relação à pessoa existencialmente doente, em que apenas se consideram questões sociais, como aquela patologia está interferindo na vida de outras pessoas, não levando em consideração a história de vida do ser doente, bem como o sofrimento que ele próprio tem vivenciado.

No decorrer do filme, a jovem garota refere se sentir confusa sobre como se sente, como se o passado vivesse engolindo seu presente, o que a faz experienciar situações quase psicóticas, como quando refere sentir que suas mãos estavam sem ossos, apegando-se a este delírio para justificar sua tentativa de suicídio. Justifica este momento também quando, em conversa consigo mesma, refere que tenta se machucar externamente numa tentativa de matar aquilo (sofrimento e dor) que vivencia internamente. Em vários momentos, parece até estar sob o efeito de drogas, pois seu comportamento é alterado significativamente em decorrência da descarga emocional que vivencia.

Seus sentimentos são sempre ambivalentes. Experimenta, além de comportamentos autodestrutivos (tentativa de suicídio) e melancolia, ataques de fúria, sarcasmo e comportamentos sexuais impulsivos, que a rotulam como promíscua e confirmam o diagnóstico.

Institucionalizada, é obrigada a ingerir os medicamentos sem ao menos saber para quê servem, o que causa intensa angústia. Além disso, em sessão com os pais e o psiquiatra do hospital, conflitos familiares emergem, bem como o diagnóstico do transtorno, do qual a paciente não sabia e o qual não lhe foi explicado, sendo este quadro mantenedor da angústia existente.

Cabe, aqui, fazer um adendo para o tópico diagnóstico. Sabe-se que, atualmente, em psicoterapia, é imprescindível a compreensão do cliente sobre sua condição para que ocorra sua melhora e sucesso do processo terapêutico. Informações acerca de sua condição, que diz respeito à sua existência, lhe foram negadas e isso gerou a sensação de desamparo vivido pela garota hospitalizada, que nas cenas finais do filme relata à enfermeira sua indignação, sobre como poderia curar-se se nem sabia o que se passava com ela.

Adiante, a garota passa, então, a adaptar-se ao ambiente em que vive no momento, fazendo amizades que nunca teve “do lado de fora”.

Em certo momento, um rapaz com o qual se relacionou vai visitá-la e surge a oportunidade de fugir do hospital, a qual é refutada pela garota, que prefere ficar no local devido aos laços de amizade conquistados.

Observa-se, inclusive, que a questão do tempo está bastante abalada na personagem, que verbaliza sentir que o tempo vai pra frente ao mesmo tempo em que volta para trás, sugando-a e fazendo-a sentir totalmente sem controle do tempo, o que também contribui para que o quadro da doença se instale, uma vez que a temporalidade é a essência da cura e a questão do tempo para a paciente está totalmente distorcida.

Em suma, pode-se compreender que, segundo a abordagem fenomenológico-existencial, a jovem Suzanna, do filme em questão, possui características de uma estadia-limite, chamada assim por caracterizar uma forma de ser, experienciar, significar e responder-no-mundo, profundamente transtornante e grave, pois é um modo de ser que está sempre no limite das emoções, misturando-se às demais pessoas do mundo, ditas “normais”.

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Priscila Didone - Psicóloga e Analista do Comportamento
Clínica Renova
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